Centro de tradições Gáucha de Uberaba - MG
Cultura Nativa
Poesia: Mãe Campeira
Parece que foi ontem, que me chamou a prenda;
Miscigenada de pai paraguaio e mãe argentina,
Para sugar o chimarrão licor cevado dos ervais,
Sentada no átrio do rancho em forma de tenda,
Capim santa fé e chão de terra na cor brasina
Era a mamãe em flor, a destacar-se nos florais.
Chimarriavamos por horas em sabores colossais,
E a prosa brotava em forma de ensinamentos,
Para as vidas futuras do guri, que trouxe ao mundo,
Numa educação em transfusão de cultura e rituais,
Absorvidos por mim, que escutava sempre atento,
Os anais das lidas bélicas, matrizes do chão oriundo.
Absorvidos foram mates doces e cevados com canela,
Tendo como acompanhamento as cantigas de capela,
Que retratavam a história remanescente do gaúcho,
Aprendiz da simplicidade, longe da hipocrisia do luxo,
Que só oprime e desdenha os menos afortunados desiguais,
Esquecidos no largo, sem trapo, oficio e nutrientes vitais.
Foi nas mateadas, que aprendi, dentro filosofia maternal,
A entender o porque do gaudério, por vezes agir como animal,
Quando já poido na alma, e montado no lombo do egoísmo,
Mergulha obstinado, cego da vida, no profundo e escuro abismo.
Por enxergar somente a si, transforma-se em espectro na escuridão,
Condenado pela vida, vivendo opresso em dor, no claustro da solidão.
Autor: Davi Roballo
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