Centro de Tradições Gáucha de Uberaba - MG
Cultura Nativa
Poesia: As Raízes da Tradição
Eu tenho sangue de índio,
com alma de farrapo;
sou Rio Grande de 35,
com berro de 44;
sou Rio Grande de 23,
de chimango e maragato.
Com determinação e valentia
o índio morreu pela terra;
somos herdeiros desta raça,
seja na paz ou na guerra;
hasteamos nossa bandeira,
onde o touro pampa berra.
Do antepassado
brotou este gaúcho
de pura autenticidade,
para aguentar o repuxo
do tinido de adaga
e fumaça de cartucho.
E assim se fez o gaúcho;
peleando noite e dia
fez a lua de candeeiro,
seguindo a estrela guia.
Hoje, esta Terra é nossa:
cantamos com galhardia.
Neste pago, sobre a pampa,
até além das fronteiras,
onde o céu é o limite,
o mar e as cordilheiras,
a cavalo, de espada em punhos,
lutava-se sem trincheiras.
Estância de São Pedro:
Canabarro foi capataz;
botou sinuelo na tropa,
pastoreando a paz,
anistiando os valentes
com perseverança tenaz.
Do passado para o futuro,
com direito assegurado,
o taura doou a vida
com seu sangue derramado;
a patas de cavalos
este chão foi demarcado.
Tradição é como uma árvore
na barranca de um rio corrente,
com suas raízes desgastadas
pela força das enchentes:
cresce, floresce e dá frutos,
espalhando sua semente.
Uma árvore morre,
quando é arrancada do chão;
fui plantado nesta Terra,
enraizado de alma e coração,
mantendo sempre acesa
a chama da tradição.
Quero plantar minha semente
nesta Terra onde eu nasci,
para brotar mais tauras
que calce esporas, desde guri,
e que reponte para o futuro
só os costumes daqui!
Autor: Fernando Almeida Poeta
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