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Em Frente As Brasas
Em Frente As Brasas

 

 

Centro de Tradições Gáucha de Uberaba - MG

Cultura Nativa



Poesia: Em Frente As Brasas



Conversando com meu cusco eu passo noites
em frente às brasas, ali, no fogo de chão. 
E até parece que ele entende dos açoites,
que chicoteiam meu cansado coração.
Tristes lembranças galopeiam campo a fora;
e eu passo horas a chorar por meu amor.
Por não saber onde ela anda agora,
pingam no chão as minhas lágrimas de dor.


 

Enquanto desce o mate amargo dá saudade
e o peito queima mais que as brasas nessa hora.
Triste, sofrendo e vazio de felicidade,
vai se acabando um coração sem nada agora.
Em pensamento viajo longe, mas sem rumo,
buscando ela e não consigo lhe encontrar.
Matear sozinho juro que não me acostumo,
também não sei colocar outra em seu lugar.


 

Quem me conhece desconhece a minha dor,
pois minhas mágoas eu não conto pra ninguém.
Até disfarço, quando alguém fala de amor;
e todos pensam que eu sou feliz também.
Mas sofre e chora o meu pobre coração,
igual a brasa que em cinza se termina;
mão mais aguenta a triste dor da ingratidão,
poré, calado, vai cumprindo a sua sina.


 

E quando chia a cambona, lá nas brasas,
então eu volto pra o meu mundo mais real;
sirvo outro mate e das lembranças corto as asas,
mas vejo o cusco a chorar sofrendo igual.
E nesse instante eu me pego pensando, assim,
que eu sou ingrato em não saber da vida dele,
pois meu cusquinho sofre, chora e pensa em mim,
e eu nunca, nunca, que sofri pensando nele.


 

Mas meu cusquinho entende muito mais que eu
de amargura, sofrimento e solidão.
Quando pra ele coisa igual aconteceu,
não entregou nem envolveu seu coração.
Eu que fui bobo em me entregar de amor perdido,
acreditando num amor que ela não tinha.
Só muito tarde é que fui ver o acontecido:
eu era dela e ela nunca que foi minha.


 

E ronca o mate e outro mate vem depois,
sem que eu perceba toda noite já passou.
E a cada noite que eu recordo de nós dois,
eu sofro e choro por amar quem não me amou.
Já canta o galo anunciando o novo dia,
me libertando do meu mundo de ilusão;
só logo à noite continua essa agonia
em frente às brasas, ali, no fogo de chão!



Autor:Gilmar Souza Vargas








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